Coleção
Como Surgiu a Coleção
Por Gisele Gama
Sempre me defini de três formas: mulher, educadora e guerreira. Desde que me lembro, mesmo enquanto estudante, muito mais nova que meus colegas de turma, estive à frente daquilo em que acreditava.
Era aquela que se expunha, que falava pelo grupo, que dava “a cara para bater”. Comecei a conhecer a vida assim, percebendo que a verdade é o caminho mais coerente, embora, muitas vezes, doloroso. Percebi também, desde cedo, que até crianças podem ser cruéis, mas que existe um poder transformador em cada um de nós, se tivermos coragem. Minha consciência sempre me dizia: “se você quer transformar uma coisa, vá lá e faça a sua parte”.
Na luta pela vida, aprendi a amar uma de minhas missões na Terra: a educação. No Brasil, ainda há muitas barreiras a se quebrar. Os estudantes foram levados ao adestramento, travestido de vestibular. O espírito competitivo impossibilitou a formação de grupos. O sistema formou arquivadores de informação, não seres questionadores e transformadores. E esses sujeitos são os professores do século XXI.
Lamentavelmente, a situação do Brasil não é muito diferente da de outros tantos países do mundo, porque ainda não conseguiram reinventar sua educação desde a segunda guerra mundial, em que era necessário educar para a produção em massa, a fim de atender a uma demanda de mercado fordista, taylorista. Muito mais difícil é destruir muros invisíveis. Lutar contra aquilo que não se vê, mas que está lá, ainda é um desafio que enfrentamos no mundo. A guerra acabou. O sistema educacional voltado para aquele contexto, não.
Lutando para transformar essa realidade, assim como tantos outros atores (guerreiros, como eu), fui posta em xeque constantemente dentro de minha própria casa. O tempo todo, lutava para que a autoconfiança, a autoestima de meus filhos se mantivesse intacta, apesar de todos os “nãos” dos professores, dos colegas, do sistema. Em minhas palestras pelo Brasil e pelo mundo, sempre afirmei que a melhor escola é aquela em que o estudante tem espaço para ser feliz. É aquela em que entra e sai todos os dias de cabeça erguida. Em que é respeitado e valorizado pelo que tem de melhor. Um sujeito que acredita em seu potencial, respeita o próximo e sabe que sua força e a de seus pares transformará o mundo em um lugar melhor para se viver está pronto para enfrentar todos os desafios. Foi o que busquei nas escolas em que matriculei meus filhos. Fui descobrindo, ao longo de minha jornada, que ainda havia (e há) um bom trabalho a fazer.
Acredito demais no poder mágico dos livros, que nos abrem portais de conhecimento e de emoção. E é preciso emocionar-se para aprender. Escrevi os primeiros livros para conversar com meus filhos. Eles deram tão certo que ganharam o mundo. Muitas crianças se identificaram. Muitos pais e professores foram também tocados por suas mensagens. Tenho escrito, desde então, com o coração. Acho que isso faz a diferença. Posso ser cada um dos personagens. E isso também me faz melhor.
A cada ano, mais e mais livros e personagens agregam a coleção, que tem títulos traduzidos em vários idiomas. Os livros digitais, jogos virtuais, músicas e animações crescem com a coleção, trazendo alegria e boas oportunidades para a minha vida. Por tudo isso, sou grata. Espero que as crianças possam experimentar, mergulhando no universo de Sara e sua turma, em um mundo melhor, do qual eu já faço parte.